sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

ALICE [minha neta]



                                                            Tu és linda!

0,01 hora 

esperei por ti

hora mágica

da aurora de teu dia


é 18

dezembro  de 2007

brilhou a luz que me ilumina

há treze anos 


Alice

tua doçura

é dona de meus sonhos

mas hoje 

meus olhos são mais teus

para dizer-te linda

como desde sempre faço


linda palavra escolhida

para dize-te do amor

que te seguirá por toda vida


Alice se ninguém ainda disse

[o que duvido]

repetirei

- tu és linda!  


minha neta!


Rio de janeiro, 18 de dezembro de 2020.




segunda-feira, 2 de novembro de 2020

FADO

 


o mar diante de mim se apodera

do pensamento errático que aflora


uma a uma as ondas se apequenam

espalham-se grisalhas pela areia

tudo que me toca é o sentimento

do inviolável fado 

esse mesmo que em impiedoso me condena

a poucas coisas em poucos dias quase nada


não será orgulho mas delírio

olhar em frente e confrontar o espaço

esquentar o sol enxugar o pranto

cerrar os olhos e esperar o tempo

  

Rio da pandemia, novembro de 2020 




domingo, 25 de outubro de 2020

POESIA [explicação íntima]

 


poesia

amigo

é um traço de humanidade

e sentimento

é um som fresco

como a água

diz o poeta

é a palavra

no esforço de viver


por vezes encontro

a palavra mágica

que dá lugar ao pensamento


minha vida

é um sonho imaginário

se me entendes

amigo

meu coração surpreso

por não saber

por que vivo


no fundo do tempo

o abismo

no largo do espaço

meu país


talvez o poema

seja um grito

no deserto

do que não me cabe mais ser


Rio de Janeiro, outubro de 2020.


sábado, 24 de outubro de 2020

MEU PAÍS

 



a terra é o planeta

segue em giro em pleno céu

exibe gente povos floresta

o mar por toda parte

 

oceano

aqui pariu Brasil

onde tudo dá

jardim no paraíso tropical

 

corre o tempo

cidades cimento prédio escolas

jovens em busca de futuro

indústria 

o desejo de crescer

e boi no pasto

soja milho café

 

universo dentro do universo

aberto franco cordial

aprende entende faz-se entender

e de povos gente mar e floresta

busca a paz em paz 

e dele nada escapa

 

fronteiras não trincheiras


palavra urge voz

canto e dança

samba funk tamborim

evolução social e alegria

no prazer de tudo

 

amor não desamor

 

ciência técnica e luz

liberdade respeito igualdade

esse é meu país

                              

                            Rio de Janeiro, outubro de 2020


segunda-feira, 14 de setembro de 2020

MANHÃ

 

manhã
melancólica manhã de incertezas
águas do rio para o mar
sinto o que não será

desejos

a prancha de surf talvez ajudasse
o dia não me pertence

o sol já não aquece
navego sem navegar

Rio da pandemia, setembro de 2020

A UM IRRESPONSÁVEL

 


UM IRRESPONSÁVEL

 

homem sem destino

o que faz não nos dá paz

 

na sombra esfumaçada de queimadas

se vislumbra o fim

 

o pesadelo de aves e da gente

indistinto clamor

transformado em fábula  

traz um só horror

 

Amazônia o Pantanal a inclemente seca

seres vivos mortos

e o índio moribundo

última chama

 

homem irresponsável sem destino

só lhe resta o fim

 

Rio da pandemia, setembro de 2020.

[www.poemas inconjuintos.com.br]

 


quinta-feira, 10 de setembro de 2020

PENSAMENTO DE UMA NOITE

 

quando a noite desce 

e escurece

tenho a memória

de toda minha história

vêm-me lembranças

pensamentos

sentimentos 

culpas 


na emoção inquieto

já o vento no entanto é brisa 

que se amansa com o tempo

mas nada é mudo  

nem cala ou menos feliz despreza 

o que vivi como criança


no cárcere recluso

por trapaça do destino

tudo não digo mas bem me lembro

dos muitos que passaram

e dos que me vêm à mente

na calada alegria de algumas milhas perto 


noturna só tenho amiga sufocada solidão

e no silêncio fujo

da indesejada sorte


Rio da pandemia, setembro de 2020.

[www. poemasinconjuntos.com.br]




FATALIDADE

 

tem o mar tanta ternura

ao declinar o sol no horizonte

vermelho embora

enquanto a placidez do horizonte ainda azul

tinge a dourar-se


essa a visão posto à janela

que me encanta  com a lua mágica que desponta

a perseguir o calor cadente do sol


a passagem dos dias para noites mais frias

soam meditação após um sonho

etapa

que a noite escura me aponta


a solitude me faz pensar

no infinito

não me julga indivíduo no escuro de mim mesmo 

mas parte do universo

no mistério de um princípio 

sem fim


o tempo espreita a passagem

e me expõe à memória

de dias e noites

de sóis e luares

da beleza de momentos

passados    


tudo é melancolia

à espera do futuro incerto

madrugada funda da noite

conquista imersa na fatalidade


Rio da pandemia, setembro de 2020


domingo, 6 de setembro de 2020

TENSÃO

 


tudo será passado no futuro que não terei

futuro conceito e razão

invento da imaginação

vazio 

que não me esqueço de sentir

na mágoa de não ser


sonho

ausência

no momento que não terei

  

Rio da pandemia, setembro de 2020

  

domingo, 9 de agosto de 2020

PAZ

             

                                                                                                                    O brother's blood! O iron time!
                                                                                                                                                                    What horror have we left undone?

                                                                                                                                                                                                            Horácio

estranha solidão

a sofrer o mundo

fado

paixão talvez destino

 

neste abismo incerto

paira a sombra

do pesado tempo

 

noite

em que tudo rui

como passa o vento

do que foi

 

inacabado

 

ousa n´alma a esperança

e não nos diz

a esperança indecisa

 

que (n)os guardem deuses

que a Paz (n)os vingue nesta noite fria

 

Rio da pandemia dos cem mil em janeiro de 2020                                                                                                        

quinta-feira, 6 de agosto de 2020

NÓS

nós no meio de nós
enrolados iludidos esgotados

o fracasso afinal
o meio ambiente a floresta o presidente

pandemia ou gripezinha

quem assumirá para a história
opressora simplificadora enganadora

que fazer com a economia
liberal marxista globalista em terra plana

era mais fácil 
o mundo era redondo
a praia o mar e a vela branca

nem sei que horas são
domingo ou terça-feira
mas não
parece noite ou será dia

qual a vantagem de torcer pelo avesso
o igual diferente no presente

tinha gente na esquina
chaveiro baleiro jornaleiro
coisa simples
hoje é cloroquina

desconcerto ignorante sem mistério

vago temor
mas se hesitar tem o terror
horror e o desamor
propina e cloroquina

redondo e azul
a praia o mar e a vela branca
o sol por testemunha
e a esperança

não parto p´ra Pasárgada 
sou daqui 
o sentimento lá é estrangeiro
longe o mundo não é vida

nesta terra verde  
está tudo por fazer
ou refazer 
a razão o amor a liberdade
paz e mar

a  ideia insiste
o sonho existe 
ninguém vive em meu lugar

Rio da pandemia, agosto de 2020



 




sexta-feira, 31 de julho de 2020

VIVER




na solidáo de hoje
a consciência da vida
afinal
nosso único bem

anos de sonhos
tempo inútil vencido
mas morto o passado
estou vivo

das promessas de antes
sobrevive a esperança
de ainda haver tempo
à frente

e viver

Rio da pandemia, julho de 2020

quinta-feira, 30 de julho de 2020

DE REPENTE



um mundo inteiro
o planeta 
mar 
montanha

sol e 
lua
estrelas em negros céus

dia e noite

aurora
lusco-fusco do entardecer
mar e céu 

incandescentes

o cavalo quase humano
o cão enrodilhado
o homem a mulher a criança

a vida concedida

diária instantânea


eterna 

quisera ser mais que eu

sentimentos alheios
o poder da permanência

saudade olhando p´ra trás

para o lado por vez
futuro indagação

tudo é atenção

menos a morte
indesejada 

de repente


Rio da pandemia, julho sw 2020.


segunda-feira, 27 de julho de 2020

ESPERAR




esperar
esperar
esperar

isso é existir
esse é o mistério
existir para ser

tremo de todo segredo
ser o que
ser para existir

essa é nossa sina
esse é o destino

esperar o desconhecido
e manter interesse no presente

nem com esforço retorno
ao passado
nem com imaginação desvendo
o futuro

vivo o presente
e me reconforto por estar sendo

Rio da pandemia, julho de 2020

domingo, 26 de julho de 2020

ESPERA



onde estou abro os olhos entre ruínas 
ouco o eco das sombras
uma quietação
seres vivos ao longe
sem esforço
acordo 

que existência resta 
medo e a pergunta
o que sou e nada ser

porque tais fantasmas 
intocáveis anjos
que busco na cumplicidade
de saber o mistério
que para mim é estar vivendo
e ainda ser
este momento

entre mim e a vida há este sopro
da espera

rio da pandemia
julho de 2020


sexta-feira, 24 de julho de 2020

PANDEMIA




Algum dia
Será outro dia
E haverá nova vida
E porque será todavia
Se não esquecer o destino
Ou o fado desconhecer
Poderemos viver
Sem qualquer desatino

Quando os deuses abrirem as portas
Na sequência dos fatos
Quando chegar a hora
Não sei se me engano
Se sonho ou se penso
Lembro que pessoas cruzam caminhos

Quando
Se
Quando os deuses
Se os deuses
Nos devolverem as almas

Comerei alcachofras
E talvez
 Talvez a gente se encontre

Rio, julho de 2020

DEPIDEMIA



pobres dias depidemia

preso-gente-só

hoje-um dia
o mesmo ontem
amanhã
que será
depois de amanhã

não não é por razão
chegou

que sensação
não serve de nada
importar-se com a humanidade
parada

lembro de tudo
de tudo esqueço

não consigo ser humano
ser humano morre 
resta a nostalgia
de não ser
talvez matar-não morrer

pensar não pensar
o pecado de confessar
sentimento de mundo
deserto profundo

cheiro do mar
cheiro-de-vida

porque não me queixo
porque foi comigo
esse
viver para não morrer

vil viver  
vileza de sobreviver

Rio, julho de 2020



 


sexta-feira, 17 de julho de 2020

ESPERA



lembro de tudo
a infância
a juventude
e o futuro de então
para me preparar e
esperar acontecer
e quase tudo aconteceu

vejo hoje o mar
é paixão contemplar
as ondas a vir e voltar

da janela de minha casa

soa o marulhar
quando vai
quando vem

do lado de lá vem o sol
põe-se do lado de cá
dançando sozinho no céu

e o mar azul
e o céu azul
vermelhos
às seis para terminar

é lindo o luar
que vem do lado de lá

o que fiz da infância
foi sonhar na juventude
sonho ainda na noite serena

a esperar
o dia recomeçar

Rio de Janeiro, julho de 2020

quinta-feira, 16 de julho de 2020

DEMIA PAN





como eu ia dizendo
quinta feira
ou segunda

de maio talvez agosto
perdido no mar
volta
a velha angústia

doído

desperto durmo
acordo 
pandemia

lúcido
do passado
sem presente
qualquer futuro

ah esse coração
incerteza inútil de não querer dormir
tudo vale qualquer coisa

luar em noite escura
lembra a liberdade

só dói

liberdade
liberdade
liberdade

pesar de pensar
no que não é
nem será

cansaço desde o princípio
sensibilidade 
inutilidade
de esperar
nem sei
nada sei
só dói

Rio de Janeiro, julho de 2020.

sábado, 11 de julho de 2020

VIRUS




um blogger
internet 

novo? 
pra que novo?

no velho escrevia
hoje não

depois que escrevo
leio
de onde tirei isso?

aos 79 não sei quem sou
nem o que fiz
sei que passou

um virus veio e me aprisionou
mas não me prendeu
ainda

não sei de nada
nem da vida nem do virus
nem de nada

sei que estou dentro de mim
e o meu passado estacionou
estou livre 

o futuro nem aconteceu
nada aconteceu
nada

há um instinto
e sono

recluso
um virus
mexcluo

hoje não
não sei nada
sei de um virus

um virus
um virus
um virus
mais nada


Rio de Janeiro, julho de 2020

domingo, 10 de maio de 2020

MÃE SEMPRE MÃE




um dia a vida nova virá

(devagar será entender
devagar porque não sei se estarei)

seremos neste mundo ainda
surpresos pelo resultado
do que nos dará
o que sonhado éramos nós
terceirizados
virtuais
imunizados
e distantes

devagar em divagar
que a proveta

não se afirmará
mas a mãe
como antigamente
soberana sorrirá
no ato de parir

o filho desejado

e felizes
viveremos
um novo dia das mães

Rio, 10 de maio de 2020.


segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

BEIJO DE ANIVERSÁRIO




para Cecília, como um beijo


o sonho é o sono com ilusões
assim a vida que ligeira como vento 
passa

neste final que apenas começo
aprendi a rever as ilusões
e sonhar sem sono

penso menos no silêncio que vem do futuro
para ilustrar o presente que é passado
abstrato que feliz vivemos

nada dura nem o eco que se repete
assim o presente ficção da realidade
passa assim que o invocamos

de nada me serve pensar
melhor será celebrar
hoje quando faz anos

não me interprete
não penso em nada
mas vivo feliz com o que me resta

como diz o poeta
"o fim é ao menos o já não haver que esperar"


Rio, 27 de janeiro de 2020