terça-feira, 27 de março de 2012

O BEIJO



quem o beijo inventou 
[pergunta o poeta de outros tempos]
não estou seguro mas o beijo inventou o amor
e os lábios cantaram o poema


o tempo me faz malicioso


"mas esta vida é sempre deliciosa"
[...]
"quem não quisera das sombrias folhas
[...]
as odaliscas espreitar no banho" [...]?


sem o beijo o amor não vingaria
nem o gozo de corpos que se tocam
nem odaliscas nem garotas de Ipanema


o beijo é todo encanto 
[no curto sexo que brilha um só instante]
entre lábios o beijo permanece
e enternece 

acariciado pelo beijo a febre passa
saciado o corpo adormece


[entre aspas, Álvares de Azevedo]


Rio, março de 2012.