segunda-feira, 14 de setembro de 2020

MANHÃ

 

manhã
melancólica manhã de incertezas
águas do rio para o mar
sinto o que não será

desejos

a prancha de surf talvez ajudasse
o dia não me pertence

o sol já não aquece
navego sem navegar

Rio da pandemia, setembro de 2020

A UM IRRESPONSÁVEL

 


UM IRRESPONSÁVEL

 

homem sem destino

o que faz não nos dá paz

 

na sombra esfumaçada de queimadas

se vislumbra o fim

 

o pesadelo de aves e da gente

indistinto clamor

transformado em fábula  

traz um só horror

 

Amazônia o Pantanal a inclemente seca

seres vivos mortos

e o índio moribundo

última chama

 

homem irresponsável sem destino

só lhe resta o fim

 

Rio da pandemia, setembro de 2020.

[www.poemas inconjuintos.com.br]

 


quinta-feira, 10 de setembro de 2020

PENSAMENTO DE UMA NOITE

 

quando a noite desce 

e escurece

tenho a memória

de toda minha história

vêm-me lembranças

pensamentos

sentimentos 

culpas 


na emoção inquieto

já o vento no entanto é brisa 

que se amansa com o tempo

mas nada é mudo  

nem cala ou menos feliz despreza 

o que vivi como criança


no cárcere recluso

por trapaça do destino

tudo não digo mas bem me lembro

dos muitos que passaram

e dos que me vêm à mente

na calada alegria de algumas milhas perto 


noturna só tenho amiga sufocada solidão

e no silêncio fujo

da indesejada sorte


Rio da pandemia, setembro de 2020.

[www. poemasinconjuntos.com.br]




FATALIDADE

 

tem o mar tanta ternura

ao declinar o sol no horizonte

vermelho embora

enquanto a placidez do horizonte ainda azul

tinge a dourar-se


essa a visão posto à janela

que me encanta  com a lua mágica que desponta

a perseguir o calor cadente do sol


a passagem dos dias para noites mais frias

soam meditação após um sonho

etapa

que a noite escura me aponta


a solitude me faz pensar

no infinito

não me julga indivíduo no escuro de mim mesmo 

mas parte do universo

no mistério de um princípio 

sem fim


o tempo espreita a passagem

e me expõe à memória

de dias e noites

de sóis e luares

da beleza de momentos

passados    


tudo é melancolia

à espera do futuro incerto

madrugada funda da noite

conquista imersa na fatalidade


Rio da pandemia, setembro de 2020


domingo, 6 de setembro de 2020

TENSÃO

 


tudo será passado no futuro que não terei

futuro conceito e razão

invento da imaginação

vazio 

que não me esqueço de sentir

na mágoa de não ser


sonho

ausência

no momento que não terei

  

Rio da pandemia, setembro de 2020