...sustenta-se na esperança
o sonho curto do futuro
e nada digo porque vivo
a vida bela
que cantar não posso
inseguro
o que não posso ser
e vivo por temer perder
a razão
o corpo
e sem apelo alma
repartida pela terra
entre amores
alegrias
desejos
simpatias
prazeres em outros encontrei
sentimentos de que nunca me livrei
desentendimentos que apaguei
para poder passar os dias
de hoje quase ontem
tempo a que a mim mesmo dediquei
canção sem tristezas ou desgostos
amor o riso o gosto
tudo é alegre que se mude
sim por querer
cantar e ter
nesse tom brando
foge a idade e toda gente
cada palavra dedicada
e um rumor distante
os dias sucedem outros dias
caminham os céus no horizonte
o sol a lua sol e lua
enquanto amei
os anos de passar o mais da vida
mais vale a esperança
tão curto tão sonhado tão vivido
o que de mim me escapa
mas tenso vivo
Rio, janeiro de 2010