sábado, 12 de março de 2016

CATIVEIRO



saudoso da vida não me despeço
vivo
não vivo ontem hoje
e o futuro desconheço

tempo
é sempre o mesmo
passa

de mim mesmo sou cativo
todo o resto é o mundo
existe em tumulto
e no entanto em mim 
nunca me conhecerei

homens seres coisas
somam números fictícios
enquanto o que sou sou um
aceito isso e nada tenho
e não sou livre

Rio de Janeiro, março de 2016






EU




Penso
mas nada do que penso vale
o pensamento esgota-se em sua sede
não se revela nem se satisfaz
Escrevo
a cada palavra a única verdade
é sua impressão
que é uma em preto e branco
é outra no coração
Sinto
mas o que sinto não se projeta
ao outro a quem amo
ou a quem não amo
o sentimento finge sem fingimento
é seu

por que ir além se me posto quase sempre aquém
e sou só no que sou
sou eu

Rio de Janeiro, março de 2016