quem sou eu que não sei quem sou
no retrovisor estreito
de um carro em marcha
tão rápida que não deixa marcas
mas o sopro pálido do vento
que não me dá tempo
ah quem me dera ser alguém sensível
e olhar pra traz pensando no futuro
e no real só encontrar um furo
por onde corre a água felizmente limpa
de atitudes em que fui feliz
é um olhar bom sobre meu passado
mas que se esgota ao ultrapassar tal furo
e pouco deixa exceto o pensamento duro
de ver e me iludir
com o sol brilhante da imaginação
nada é essencial exceto ter vivido
natural e honestamente o tempo
porque assim o sinto
fim que se aproxima e não me espanto
nem mereço pranto
porque assim é e a mim não minto
Rio 06 de fevereiro de 2024.