domingo, 30 de junho de 2013

VITRINA DE MIÇANGAS



veste de seda o calor do grito
congela miçangas no quente asfalto
brilha
a liberdade está em fazeres o que sentes
como "a onda que não existe"
mas não se perde 
ao derramar-se cessa de ondular
para tornar-se o que desejou
e aprendeu para viver

a lógica da frase feita são grilhões 
onde não cabes

Rio, junho de 2013.


















quinta-feira, 27 de junho de 2013

TEOLOGIA





então começou a peregrinação
entre o céu e o inferno
sobravam teias e tecelões
aranha sem fio
tecido sem tela 
e o purgatório em meio à ilogicidade
de tudo...

no fim da estrada havia fogo
azul
indescritível forma de gritar
o som das engrenagens e o céu 
para terminar

passo sombras
engano-me quando as vejo
interpreto
só o vento pode explicar
deus
estou só 

Rio, junho de 2013





















quinta-feira, 20 de junho de 2013

RENASCIMENTO



sempre existe a esperança
de que a vida que a alma tem
renasça pura criança

Rio, junho de 2013


O MEDO


nem a verdade nem a mentira
mas o medo que medra entre escombros 
de uma construção sem projeto

Rio, junho de 2013


terça-feira, 18 de junho de 2013

UMA CANÇÃO PARA A MULTIDÃO






uma lembrança da juventude 
[a que tivemos e a que hoje se manifesta]



viandante viandante

saia à rua e caminha 
a via é estreita
longo é o caminho
enamora-te do sonho
mas não durmas
canta uma canção

cantemos 

cantemos todos 
uma canção de liberdade
justiça
ambiente e sociedade
que é da gente 
da multidão já cansada
de viver na ilusão

somos todos caminhantes

silenciosos
maioria que não fala
mas alma 
que não aprendeu a calar

Justiça 

Democracia Liberdade
Ambiente e Sociedade

viandante 

é caminhante que não cala
cem duzentos hoje trezentos 
milhares a entoar o mantra
que nos fala do presente
ansioso
pelo futuro diferente

cantemos 

cantemos todos a canção
que é da gente 
da multidão já cansada
de viver na ilusão



Rio, junho [nas ruas] de 2013

quinta-feira, 13 de junho de 2013

[DES]INSPIRAÇÃO





inerme inerte desatento
já não escrevo
falta-me a arma da palavra
faltam versos

sobrevivo aos pedaços

sem conseguir ser outro
ser eu mesmo ou alguém
sou ninguém

deixo a quem um dia os leu

meus escritos mal amados
abandonados
ao descolorido azul do céu

mas espalham-se estilhaços 

para talvez em algum lugar
galáxia perdida no universo
reencontrar-se em versos


Rio, junho de 2013