terça-feira, 28 de janeiro de 2014

CICLO



não tardarão as folhas a esvoaçar a queda
nuas as árvores retomam forças
e o ciclo gira a vida em novos termos
para enfrentar a força dos ventos

o leito verde sob tronco e galhos
espera o cenário para não mudar
(nos trópicos o branco da neve é forma de alienação) 

tudo tem seu tempo
só não muda o vazio entre mim e eu mesmo
perplexo diante da beleza
como quem a admirar deseja

diante da vida ouço o canto dos pássaros
e o tagarelar das cigarras
tão raras 

quem sabe se admirar estrelas e chorar com o mar
seja o destino do mais íntimo que sinta
o mais objetivamente embeleza a vida 
mas não penetra em mim

Rio, janeiro de 2014.