sábado, 17 de junho de 2017

RUÍNAS


cantei o amor cantei vida
cantei tristeza e alegria
cantei o vento e a brisa
cantei tédio e calmaria

cantei o que não tem causa
cantei o jovem e o velho
cantei mágoa
cantei o passar rápido do rio

o tempo passa a hora dói
ir e voltar e nada encontrar
tudo é vácuo e vazio
ao parar no meio do caminho

não conheço o que sei
nada sei
meu castelo ruiu
no sonho bom que sonhei

tempo estranho sem estrelas no céu
nuvens raras tempestades
um turbilhão só de meu
em meio a um jogo de azar

já não canto
choro
a história se desfez
mas desejo ignorar

escadas sempre descendo
sou ateu

subir graus de ironia
é o que tenho de meu

Rio de Janeiro, junho de 2017