sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

CARNAVAL


aos setenta de minha vida

que não sei se acaba ou começou
a esquina (imaginária) intacta 
onde não olham
os que passam continua lá


no subterrâneo de minha memória
não há surpresa 
diante da turba móvel
(a passar) 
diante de olhos cegos de tanto ver  


a multidão dos que ignoram
a ilusão de tudo
tenta a sorte que não lhes bate à porta
não por falta de imaginação

(pausa)

a exclusão é a regra

entre as mãos a baqueta

dos fatos esgarça
palavras entre os dedos
ouço-as
(surdo)
impalpáveis ao vento

dormi anos em "staccato"

a fantasia de existir

não me faz mal

(entretanto)
a dança de viver
que não se cala
e canta

é véspera de carnaval



Rio, fevereiro de 2013