"Porém, pera cantar de vosso gesto a composição alta e milagrosa, aqui falta saber, engenho e arte." Luís de Camões ... assim encontrareis aqui palavras magoadas a tornar o fogo frio e dar descanso a minha alma condenada ...
domingo, 26 de abril de 2015
INDAGAÇÃO
quem sou eu que vivo aqui
e um pouco em toda parte
sempre em fuga do instante
em que a indesejada me encontrará
quem sou no potencial do nada
no dia ou noite já calada
serei eu ou outro
um para ser outro para descrer
quem sou?
Rio, abril de 2015
INSTANTE
não morri nem deixei de viver
a teia entre ilha e continente
em emoções onde confirmei
que o universo não me reconheceu
ouvir o vento olhar o movimento
do absurdo que parece
o passar do tempo de instante
a instantes tantos e distantes
verão inverno que outono
é mais sensação
sem nova primavera
quero a quietude o sossego
de deixar acontecer o ciclo dado
sem interferir em paz morrer enfim
Rio, abril de 2015
sábado, 11 de abril de 2015
ETERNIDADE
o sonho interpôs-se para representar a vida
e a beleza dele fez-se realidade em pleno sono
e adormeceu em mim por todo o tempo
por isso sou quem sou e nem um outro
sabe que minha tristeza é alegria
e meu prazo é o despertar da eternidade
a cada dia um novo sol brilha no horizonte
e o nascente não é prenúncio do poente
pois dura cada instante
ah se eu soubesse desde sempre
que o tempo é agora e não demora
viveria hoje e sempre a eternidade
mas sei que tudo foi um sorriso
que para mim se abriu
na consciência de que a vida é eterna
e terna é a sensação sutil de bem vivê-la
Rio, abri de 2015.
domingo, 5 de abril de 2015
UM SÓ?
não ouço vozes
silencio
no lapso impreciso
em que falo
sou dois ou três
em um sozinho
seria mais
se me soltasse
pudesse ser o que não sou
nem sei a escuridão
sob o claro sol
despertaria de sono em sonho
tanto a dizer
como calar
vozes da noite escura
talvez outros ouvirão
no interstício de dois a três
ouço falar
enquanto só
não sei viver
Rio, abril de 2015
sábado, 4 de abril de 2015
DESCONSERTO
se escuto nenhuma voz
ouço o tempo
uma revolta que reaparece
e a voz que transmite
o que há muito fenesce
não há mágoa
mas saudade do sonho
e da água que passa
tenho na memória lembrança
todas elas de esperança
tudo velado tudo acabado
passado o tempo de criança
do tempo que se foi
resta a riqueza do que será
esqueço tudo pois
para esperar amanhã
Rio, abril de 2015
Assinar:
Postagens (Atom)