quinta-feira, 1 de novembro de 2012

DE GRAÇA


para Graça de Souza Feijó

não posso ler um poema sem sentir
que sou eu e um texto
de um estranho que não eu
uma seleção de versos
que alguém pensou ou não pensou
e escreveu

a interpretação é obra da cultura (ou incultura)
de cada um
por isso não gosto dos críticos
que desejam extrair do que outro escreveu
um sumo só seu


Rio de Janeiro, novembro de 2012








AINDA O POEMA

o poema canta 
que não diz

uma tortura

compõe-se a divagar 
no lapso indeciso
entre o ser e o não ser

o poema é leve
alegria ou tristeza
não importa
é alma também

o que pensamos não vai nele
mas o que não sentimos
nele está

fundo forma o belo o encanto
por isso canto


Rio de Janeiro, novembro de 2012



ENTENDENDO O POEMA

o poema não se explica
lê-se
tem ele três significados
o primeiro
o segundo
e o terceiro

no primeiro o poeta escreve sem saber por que
no segundo você lê
no terceiro (e o quarto o quinto o sexto)
será o que for
sem que eu saiba por que

ah o poema



Rio de Janeiro, novembro de 2012




















PERPLEXIDADE


estou fora de cogitações
estou fora
dentro não estou
saí

Rio de Janeiro, novembro de 2012