domingo, 26 de fevereiro de 2012

NAVEGAR É O PERIGO



amamos o que desejamos não o que temos
sonhos inacabados
a tocar a fantasia dos mais puros ideais
do horizonte sem fim
do céu azul de verão
da neve nas montanhas
da chuva na semeadura
da fartura na colheita
do verso não escrito
do entendimento entre os homens
do amor que move o mundo


a glória e a riqueza desse mundo entretanto nada dizem
apenas entontecem
para destruir o gosto de sentir


não direi o que não posso
mas entre o céu e a terra
é mais rica a fantasia

só o desejo vai além


deixo-te desvendar
o que minh'alma toca
em sua inércia de pensar 
e seu desejo de amar


que céu 
que horizonte sem fim
que amor que move o mundo
vale é o amor de seguir rastros de teu barco
no risco de perder-te em mar que os desfaz


miragem solitária ilha 
nesse mar onde persigo
o céu de te encontrar


navegar é preciso diz o bardo
direi com ele também
que navegar é o perigo
de qualquer dia chegar
onde não quero aportar


não deixarei de remar
por ti remarei contra a corrente
a cantar
a minha ânsia de amar

nada mais direi 
nada tenho a declarar


Rio, fevereiro de 2012.