há perigo em navegar
quando me arrisco em palavras
que a brisa traz e o vento leva
beliscando a solidão
se saio ao mar
sempre sossobro
sem conseguir navegar
a intuição é um olhar
aqui da janela de casa
perco-me a imaginar
o que haverá depois das Cagarras
há lá certamente
vida inteligente
que não encontro mais cá
mas
em um outro momento
penso
ops! esqueci-me
que estou do lado de cá
faz-se aí o tormento
pois aqui inteligência não há
consequentemente
ponho-me a cantar
o Rio as praias e o mar
vejo os rapazes ao sol
e as meninas [ai quase nuas]
que os querem amar
e
a saudade me faz arriscar
palavras de alegria
de apenas lembrar
que no tempo tive o meu dia
de pegar meninas nas ruas
assim
se canto me arrisco e navego
antes de por-me a chorar
Rio, fevereiro de 2012.