terça-feira, 27 de dezembro de 2011

QUADRINHAS DE AMOR

[um exercício em tempo de insônia: 
"quem faz quadras" à maneira portuguesa 
"comunga a alma do povo,
humildemente de todos nós 
e errante dentro de si próprio" 
de NOTA PRELIMINAR  
em "quadras ao gosto popular" 
da edição AGUILAR 
de Fernando Pessoa]


além da vida outra vida
viverei só para ti
o tempo que tenho aqui
não é mais que sobrevida

se não estás ao meu lado
sem teu calor vou morrer
cada dia quero-te ver
pra me sentir bem amado


se me queres estarei
para teus lábios beijar
por toda vida esperei 
eternamente te amar   

preciso encontrar o lugar
onde te possa buscar
tenho uma flor a te dar
e um segredo a falar


o segredo é meu degredo
em que me deixaste penar
mas hoje revelo sem medo
que eu sou rio tu és mar




Rio, dezembro de 2011.





SOLIDÃO





não já não posso ficar só
o vento sopra teu cheiro
o espaço ecoa teu grito
o tempo me consome
e o silêncio de tua ausência
sangra por todos os poros 


cego de tanto que te quero
as palavras tecem a tela absurda
da negação da verdade


palavras...teu grito
palavras...teu cheiro
palavras...meu tempo
silêncio...palavras da minha solidão


e por fim quando tudo começar
não serei mais eu
mas o coração despedaçado
sob a pedra
rente ao chão
eternamente só


Rio, dezembro de 2011.