sem sonhos nenhum mundo existe
nem possíveis são desejos
pedaços de meros segundos
soletrados com a paixão de viver
fervem amores
recebidos do passado
perpetuados no presente
no futuro desejados
tudo é tudo para não ser nada nunca
e o que temos é muito
pouco na imensidão do infinito
sonho por realizar
e o sonho faz-me a vida
sem que a saiba prever
é o que é agora
antecipando a aurora
novo ano-calendário
ficção
renovação de todos os sonhos
da alma capturada
implacável no ritmo do tempo
mas tu que me vês por fora
da altura de teus sonhos
saiba que sou pequeno
para alcançar o teu tempo
paralelos sonhos convergentes
alternados tempos
no amor que é retomado
como instante do desejo realizado
não ouses deixar-me
hesite sempre abandonar-me
tu que há dias tenho
nos séculos que ansioso espero
não alimento a alma do passado
sobrevivo no presente
sou tempo e sou o lugar
onde o futuro ressuscitou
sou quem sou nos meus impulsos cruzados
há mais eus em mim do que pensei
se não me faltas o que sou é tudo
o que sinto e o que sempre quis
Rio, 30 de dezembro de 2010.