sábado, 19 de janeiro de 2013

MEMÓRIA



de onde parto nunca sei
mas me é claro que da palavra iniciei
a caminhada impronunciável
de frases que não se adivinham
cheias da esperança nevoenta 
de que falou o Poeta

sem nomeá-lo pareceria um cochilo
da lembrança sonolenta
de quem pensa e não fala
de sua imensa influência
no que sou e sinto
da palavra à frase no poema

labirinto entre sonhos e olvido
a palavra me conduz
palavra por palavra
ao poema que se abre em poemas
como ondas em busca de uma praia
que lhe prometa amante e coração

assim  vinculo-me a Pessoa
ao inquebrantável Borges
a tantos e tão ricos bardos pensadores
retidos na pobreza da memória 


Rio, janeiro de 2013