terça-feira, 21 de julho de 2009

POESIA TRANSFORMADORA DO MUNDO

[de novo, a propósito de Nydia Bonetti em seu Blog - http://nydiabonetti.blogspot.com/]


o mundo meu
não é outro
senão eu
se a poesia transforma
a mim reforma
e toma forma
nos olhos que tenho pra ver
nas linhas que devo ler
do mundo que não é meu


da "Lírica" "[...]um gosto que hoje se alcança,/amanhã já o não vejo;/assi nos traz a mudança/de esperança em esperança, e de desejo em desejo [...]"
"[...] em vida tão escassa/que esperança será forte?/Fraqueza da humana sorte, que, quanto da vida passa/está receitando a morte!"

em continuação já o dizia

"Sôbolos rios que vão/por Babilônia, me achei, onde sentado chorei/as lembranças de Sião/e quanto nela passei./[ ...]"
"Ali, lembranças contentes/ n'alma se representaram,/e minhas cousas ausentes/se fizeram tão presentes/como se nunca passaram.//

Nada se copia, tudo se recria...

Rio, julho de 2009

AINDA O ABISMO

[para Nydia Bonetti]



asas
que falar desse olhar
por sobre a pedra
luz
onde o ar se rarefaz


música


dê meu nome ao vento vivo
que uiva
onde o abismo se desfaz...

21 de Julho de 2009



O MEU ABISMO





[além do real é consciência]

à beira do abismo não o alcanço
fica atrás do vento
profundo na pupila

um grito
eco

desço a pedra em nua solidão
peço tempo
Deus vacila

a luz hesita
vejo outros planos

num bater de asas
a pedra exasperada
é torre de loucura
o tempo transtornado

todas as palavras falam desse abismo
estacionadas no ar

Londres, maio de 2008