MEMÓRIA
(um improviso)
a memória é lembrança esquecida
que revejo como fotografia
em preto-e-branco pelo tempo vencida
estática a criança que vejo mora comigo
são coisas que já se foram
gente a passar como o vento
que me contam histórias
vividas e parecem mentiras
o vento é brisa
que vem leve e vai-se
porque tudo é memória
nem tudo a lembrança me traz
tão calma de se ver
nunca ouvir
o que é preciso é saber
que os que passaram e se foram
e só me fazem pensar
de onde vieram
por que
para onde foram
nem tudo é vida
mas tudo é memória
lembrança
que aos poetas
parece poesia
Rio, fevereiro de 2016