quinta-feira, 2 de abril de 2009

POETA [2]

[Para Bel Borja, lembrando Salinas]



poeta que me destes sal
na sonoridade doce de teus versos
não me darás jamais a dulcíssima expressão
de tua alma


árido a contemplar a vida
no tempo que me resta
sorvo o amor que encontrastes
em tuas luzes
iluminando a noite
dos desesperados mal amados

é clara tua noite desvendando sonhos
de sonhar em sonho
é límpida a descoberta da matéria
na memória de um jarro sobre a mesa
em tua febre de sentir
o que em tuas mãos há tido
a derrotar a própria morte...


[composto em algum momento no tempo perdido, talvez 2006]