se para ser poeta
dependo da palavra aleatória
jamais farei poesia
pois o que sei é contar histórias
e depois
burocrata
acostumei-me com os memoranda
os fechos formais
Vossa Excelência e Senhoria
sempre respeitosamente
era jovem
já mais velho
cãs
não soberanos
palavras escapam entre circunvoluções
sem falar no lembrar e esquecer
que em mim são alucinações
que se diluem lentamente
no passar dos anos
se para ser poeta
dependo da sorte
então
só me resta sem me lamentar
esperar a morte
Rio, fevereiro de 2013