sábado, 11 de fevereiro de 2012

O SEGREDO



que sabemos do que se esconde atrás das nuvens
onde o tempo passeia em fuga ligeira


sei que no éter dormem os sonhos
que a noite traz como desejos quase sempre em segredo
repetidos como ecos de pensamentos abstratos
sem palavras 
entre beijos e lágrimas

pode ser música
que nos chega pelo sentimento do mundo
como gotas de chuva
quando a nuvem pesa e nos diz
estou aqui 
choro


imagino-me dobrando ali a esquina inexistente
num céu do outro mundo
em cor azul da liberdade de viver 
o desejo conhecido 
e o segredo
indecifrável de amar


Rio, fevereiro de 2012.








A CASA DA SAUDADE



pedra sobre pedra construirei
um dia
a casa da saudade


o projeto existe e está em curso
pois conheço seu futuro
que às vezes noturno me aparece


conheço cada pedra e junta
coladas no sentimento impossível
de um amor eterno


a casa é sólida
ilusoriamente plantada sobre a dúvida
perversamente voltada para a noite


nela vivo paixão que adere à pedra
para assegurar-se de que é possível
o amor que derrota
passageiramente
a solidão


às vezes perco o senso da saudade
para viver a esperança
de que um dia uma noite eternamente
esse amor perdure
e eu derrube os muros que me cercam


mas a ilusão é menor que a realidade
e a casa sobe
inapelavelmente
tem telhados e porta
janelas que se fecharão
e lá trancada comigo chorará
saudade


Rio. fevereiro de 2012.






ILUSÃO DE JUVENTUDE



vivo a ilusão da juventude retomada
inútil sensação passageira
do tempo irreprimível


quantas vezes avanço para viver amanhã
as percepções de ontem
reconduzido ao tempo perdido



tantas arrependo-me por amar
equivocadamente
intenso como o amor de ontem



muitas vezes sempre indeciso
noto olhos espantados
de quem não percebe o sonho


todos os dias entretanto a solidão
dissonante do amor
diferente de amar


meu caminho é meu caminho
entre pedras e aclives
despenco a prumo


Rio de Janeiro, fevereiro de 2012