quinta-feira, 15 de maio de 2008

BOCA



a boca que desejas
não será a mesma que te fala
nem jamais a que se cala

a boca é a perfeita abstração
do que não diz
nunca do que queres
se com ela te alteres
quando cala

a boca não escreve fala

NYC, agosto de 2002.

MUDO



do que me lembro esqueço
quero falar mas não posso



NYC, dezembro de 2001.

LA BOCCA DELLA VERITÀ



la Bocca della Verità não diz palavra
é pedra fria
non c’è niente da dire
nem memória
a palavra é il vuoto della storia!


Roma, fevereiro de 2003.

UM DIA QUALQUER



este poema fala da ilusão de um dia esquecido de uma vida qualquer no tempo desmentido que não tinha esperança lá atrás
este poema sobrevive entre lembranças despojos como remorsos
sozinho na solidão


Londres, maio de 2008