prata o mar à distância
na contemplação fria
água aquecida sal
qual metal estendido
rítmo e ondulação
pesadelo do barco só
singrando a lonjura do nada
dura distante [há] vida
feita areia branco e pó
sob o sol
sensual
Rio setembro de 2013.
seria inverso viver como um deus
com o poder da criação
para mudar a premissa do não
à vista o destino sentido
reconhecido no horizonte e à mão
um projeto antecipado à luz da razão
e se os olhos bem olharem
se os ouvidos ouvirem
ver-se-ia clara a força da invenção
perenes sentidos sentiriam o tempo
o mesmo tempo da vida
e viveriam de planejar antes de criar
o que pode ser tem o poder de ser
focado na idéia clara
do que virá a ser
precisa razão tranquilo coração
não se perderiam no prolixo da especulação
no limite preciso do fim
Rio, setembro de 20013.
não quero o futuro desconhecido
mas o horizonte de-fi-ni-do
a que me destine com precisão
é difícil sobreviver com o não
da perspectiva invertida
que impeça a construção
são tranquilas as horas sensíveis
da visão do previsto em sua forma ideal
em que posso errar sem hesitar
são a pintura visível da construção
que incita a criação
e dá ao traço a leveza da intenção
quiçá porque imitamos deuses
em cores definidas reta
curva da imaginação
não não quero o desconhecido
(se é que posso querer)
diante do desafio temo não saber viver
Rio, setembro de 2013.