quinta-feira, 12 de setembro de 2013

MAR



prata o mar à distância
na contemplação fria
água aquecida sal
qual metal estendido
rítmo e ondulação
pesadelo do barco só

singrando a lonjura do nada
dura distante [há] vida
feita areia branco e pó
sob o sol
sensual 


Rio setembro de 2013.


O CONHECIDO



seria inverso viver como um deus
com o poder da criação
para mudar a premissa do não

à vista o destino sentido
reconhecido no horizonte e à mão
um projeto antecipado à luz da razão

e se os olhos bem olharem
se os ouvidos ouvirem
ver-se-ia clara a força da invenção

perenes sentidos sentiriam o tempo
o mesmo tempo da vida
e viveriam de planejar antes de criar

o que pode ser tem o poder de ser
focado na idéia clara
do que virá a ser

precisa razão tranquilo coração
não se perderiam no prolixo da especulação
no limite preciso do fim

Rio, setembro de 20013.   





O DESCONHECIDO



não quero o futuro desconhecido
mas o horizonte de-fi-ni-do
a que me destine com precisão 

é difícil sobreviver com o não
da perspectiva invertida
que impeça a construção

são tranquilas as horas sensíveis
da visão do previsto em sua forma ideal
em que posso errar sem hesitar

são a pintura visível da construção
que incita a criação
e dá ao traço a leveza da intenção

quiçá porque imitamos deuses
em cores definidas reta
curva da imaginação

não não quero o desconhecido
(se é que posso querer)
diante do desafio temo não saber viver


Rio, setembro de 2013.