"Porém, pera cantar de vosso gesto a composição alta e milagrosa, aqui falta saber, engenho e arte." Luís de Camões ... assim encontrareis aqui palavras magoadas a tornar o fogo frio e dar descanso a minha alma condenada ...
terça-feira, 3 de maio de 2011
ECOOOOOO
ouço o eco de meu grito
uma sílaba mordida
arremetida
nada há por vir
exceto o eco
do amor que aqui seca
mas denso e vivo
apura e sobrevive
nos lábios de um beijo
do mágico desejo
sou eu quem ama
grito
amamamamaaaaaaaaa
Rio, maio de 2011
AMAR O AMOR
[amar o amor]
o amor não tem endereço certo
nem CPF que o localize como devedor do fisco
sobrevive e tateia às vezes no escuro
para encontrar o improvável
num hálito distante
ah o amor esse carrasco
que nos liga e desliga no comutador do sentimento
adormece [felizmente] quando se agrava
e desaparece sem deixar rastro
quando sinto o ar quente de tua boca
sei quem és mas não te toco
no abraço desejado
perco-me em conjecturas
sobre o instante que nos aproximou
esse mesmo que nos afasta
no hiato da idade contra o tempo
sei quem és sei que quero
sei muito sei [quase] tudo
porque apareceste
num dia preguiçoso de internet
pedindo água e companhia
para a aventura de um dia
nada nos aproximava
exceto o desejo que me movia
e tua cobiça
por nada que te aprisionasse
mas quem sabe
a moeda de troca fosse outra
que só o tempo criaria
sem CPF RG ou endereço
hoje nos entregamos as cartas
de amor sem dúvida
mas de doída dúvida
sobre a dormência [pois já se agrava]
de um sentimento sem tempo
que não desapareças amor
eu morreria
Rio, abril de 2011
IMPROMPTUS [para Vidráguas]
juntos não há passado
para isolar
o poeta [o amigo] sonhador
no mesmo intervalo
da eternidade rolamos
janelas virtuais
onde o vento a galope
constrói nosso mundo
de polegadas
de maio dois de dois mil e onze
soprando palavras
somos
a própria ventania...
[para Carmen
feita de vidro
na estiagem água]
- uma palavra salta como pedra em vôo
- e só terá peso quando lida
se nos damos
se juntos cantamos
curtiremos a poesia
nossa
de cada dia
obrigado/sinto-me protegido/ lido
............................
Carmen Silvia Presotto Flávio que bom receber este banho poético, gracias por estares aqui em amizade e poesia... o poema é lindo, e que nas janelas virtuais do tempo sejam asas, onde o nada é mais...beijos!!
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