sexta-feira, 11 de maio de 2018

HORÓSCOPO





"Antes de nós [...]
passou o vento quando havia vento"

Odes de Ricardo Reis



passa o vento passa o tempo passamos nós
em tempos diferentes
e tudo acontece como hoje
quando homens se apegam ao vão momento 
porque somos iguais
porque somos quem somos
homo sapiens
porque nada há dentro de nós
ocos
porque venais

construímos um mundo novo
a cada palmo conquistado à natureza
erguemos monumentos à riqueza
consumimos o planeta
e nos desentendemos

é maio
Urano nos conduz imprevisível
libertador
signo por signo
e nos transporta a novo espaço
desconhecido
aberto e alheio parecendo único
afetando vidas

sem razão perdemos o arbítrio
e navegamos cegos
por mares ermos 

e onde estamos
dezoito anos depois do ano zero
em duas vezes o milênio
inscritos neste ponto de nossa eternidade
poucos anos

e ardemos casas e ferimos jovens
e matamos a vã esperança do futuro
para ressaltar a indiferença
de todos nós por todos nós
sombras de sonhos 
pensamentos
circunstanciadamente destruídos

entretanto
um novo ciclo se anuncia
de profunda reflexão
de rebeldia
de mudança
de revolução
o novo tempo
a nova era
reequilibrados por influência de Saturno

virá o novo tempo

Rio de Janeiro, maio de 2018



quarta-feira, 9 de maio de 2018

ETERNIDADE





...antes de nós o tempo já fluía
no movimento dos astros
alheios ao mundo em que vivemos
éramos parte 
mas não existíamos

Chronos anunciou a vida
ou vice-versa
quando parecemos dominar
a incerteza do planeta
descobrindo o universo
Éter e Caos

homem e ilusão
a contar as ondas que arrebentam em seu mar
e um Deus Netuno ao navegante controlar
assim outros deuses detentores do Poder
de ao tempo falsamente superar
incessante tempo
dominante
Chronos

venta o vento 
Éolo compelindo tempestades
um deus mais
outros deuses
homem
lutando contra o tempo 

luta inglória
só Aeon domina
somos o ruído que se abafa
só o ruído da vertigem
nada afeta a eternidade 

Rio de Janeiro, maio de 2018



terça-feira, 8 de maio de 2018

TEMPO




tudo é tempo
o mesmo nada
em cujo vazio nem a libélula voa
antes de nós
antes de tudo
antes que o vento sopre

penso no tempo
que a cada instante é outro
só não inútil porque logo é tarde
e o dia passa
no rodopiar que se repete do planeta
girando sobre si mesmo
que com razão ou sem razão nos serve

"somos os homens ocos"
cheios de tempo
de ponta a ponta como nos conta a vida
até a morte
não há o que fazer do tempo
ou com o tempo
que inevitável passa

Rio de Janeiro, maio de 2018.