sábado, 15 de agosto de 2009

UMA OUTRA VIDA






olho à janela ainda não é noite
o vento sudoeste sopra frio

o mar distante diz-me
que contemple o seu mistério

estou só comigo
como barco quase além do horizonte
esqueço
o que sou quem sou
nesse meu tempo de um instante

olho o marejar e as ondas que se vão
algumas partem sem sangrar
outras regressam no eterno movimento de chegar

a consciência vaga cada vaga
o céu azul outrora
queima
os últimos instantes do sol

tive nesse instante a ilusão vivida
mas pouco importa
ainda tenho o céu e o mar

e a pena que tenho merecida
vi-a clara esclarecida
ao voltar à outra vida

Rio, agosto de 2009.