quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

FENIX



há a memória universal
talvez automaticamente gravada no gene de cada pedra
lembranças nós compartilhamos
e tendem a ser fatos comuns
mas fortes

estou vivo ainda e tenho lembranças
boas más alegres e tristes
e quando as repinto
nem sempre encontro a cor exata
variável como o azul das asas de uma borboleta

conheci afetos que hoje permanecem como protegidos
atrás das folhas caducas de outono
sobreviverão ao frio inverno 

agora sob o sol escaldante de verão
acompanho a fidelidade do girasol em busca do calor

o mar oceano é minha realidade e meu sonho
namoro-o em sua aparente placidez
atrás de cada ondulação

os dias de meu passado formam cristas grisalhas
que se derramam preguiçosamente sobre a areia

mas descobri as formas do presente
nem diferentes são de meu passado
repetem sensações que são novos afetos

esperança de novos caminhos para distintas esperanças
e minha trilha nova inicialmente reticente
ganha vida

se as dedicações de um homem velho são formas velhas renovadas
repetindo vazias fórmulas passadas nem sei
mas importa pouco saber 
sinto vida nelas

e são como se eu tivesse chegado para descobrí-las então  
como um renascer

Rio, janeiro de 2014.