terça-feira, 29 de março de 2011

AUSÊNCIA







não sei viver o silêncio de tua ausência
de quando te retiras
em tua muda voz de me deixar
sem vontade de sentir

com que beijos então não me acarinhas
com que palavras não me dizes "te amo"
para ficar longe depois
onde não te posso amar
fisicamente

um não tempo intermedeia
tu e eu
na desolação de não te ouvir
de não tocar tua mão
no momento em que me dizes
"estou aqui"...

Rio, março de 2011.




segunda-feira, 28 de março de 2011

AMAR A VIDA





[responda se puder...]

que faço senão amar a vida
que faz meu coração em sua persistente lida
que alegrias fazem a beleza
de amar a vida?

Rio, março de 2011




domingo, 27 de março de 2011

A ALEGRIA DA VIDA






olho o céu
como se meus lábios tocassem estrelas
no mais fundo azul
para recitar a canção
de todas as belezas

assim é a paixão
dedicada em palavras úmidas como o beijo
assim é a vida
elevada para além da normal percepção
das coisas que encantam

assim é o amor na alegria
de viver hoje e cada dia


Rio, março de 2010.





segunda-feira, 21 de março de 2011

PALAVRAS INTERDITAS







sao palavras proibidas as que tenho a dizer
por isso não as digo mas as deixo crescer
apaixonadamente
no que sou no que me tornei

barcos navegam porque devem navegar
partem ao vento e se fazem ao mar
apaixonadamente
para ser o que são voltarão

já não regresso caminho
mais à frente direi
o que não posso agora dizer

é preciso ficar
um pouco mais de carinho
antes de ser o que finalmente serei

Rio, março de 2011.





domingo, 13 de março de 2011

GAIVOTAS II





I

Ah Gaivota

contam de ti tanta lorota

porque ninguém sabe onde vais...

II

uma gaivota vôa

vôa livre sobre o mar

delicia de ser livre e amar

III

veio finalmente o sol

chamado pelas gaivotas

IV

a solidão da gaivota

diante de mim

é o que me resta

V

e o largo mar

generoso

acolhe cedo as gaivotas

VI

triste o pio da Gaivota

anuncia o dia a findar


Rio, março de 2011





sábado, 12 de março de 2011

GAIVOTAS






para Ianê Mello


I
gaivota no mar
é vôo livre
uma forma de amar

II
gaivota gaivota
que sabemos
dessas nuvens desse mar?

III

voa gaivota
no calor do verão
mergulha no mar

IV
voa gaivota
voa coração
voa o vento


Rio, março de 2011






sexta-feira, 11 de março de 2011

SOL







quando tu partistes com o dia foi-se a claridade
e não canto à noite
como se tudo fosse nada
e não houvera vida

é do sol que falo
e não me serve a lua


Rio, março de 2011




AVE





Para Tânia dos Anjos



O amor é ave
voa



Rio, março de 2011




FADO







não sei como chegastes a mim
fado?
há quanto tempo te espero
e repentinamente surges
na curva do tempo

que magia
fez-me a vida reviver
para sentir
que finalmente sou alguém?

no sem tempo
deixo-me estar
sem contar as horas
mas vivo cada segundo
que tua presença afaga carinhosamente

com palavras reproduzo pensamentos
mas não descrevo o sentimento
nem a idéia matriz deste poema

estou só
por ti apenas
ainda não é noite


Rio, março de 2011.





quarta-feira, 9 de março de 2011

VENTANIA








la prima voce che passò volando
à emoção pertence
é canto da paixão

o meu pretexto é nada
canto os círculos do inferno
que em mim ardem
o nada que me encanta

esta é uma canção de vida
para não viver a morte
é sonho sempre humano
quando anoitece

corro atrás do vento
vendo a verdade e a ventania


Rio, março de 2011.




DESEJO








o desejo é vinho que embriaga
o vil sublime de minhas asas
sou mortal


Rio, março de 2011



FANTASIA





..."o poeta é um sonhador..."
[Fernando Pessoa]



guardei a alma presa
a quem não sabe amar
mas falo do amor

finjo no sonho
sempre infeliz
que não sou amado

não há luz
em meio aos destroços
de minha fantasia

Rio, março de 2011.





terça-feira, 8 de março de 2011

PIERROT






Pierrot
hoje é como se a vida não tivesse segredos


Rio, março de 2011




LOUCURA


FOLIE





"l'enfer sont les autres"
[Jean Paul Sartre]



o outro sou eu no carnaval



Rio, março de 2011



CANÇÃO DE CARNAVAL




no dia internacional
"tudo que penso"


da encosta empobrecida
despenca torrencial
a canção do carnaval

para mover teus quadris
na avenida enriquecida
por tua ginga sensual

amo-te mulata
na beleza que aos homens atiça

tudo que penso não é banal

mulher carioca
rainha do samba
mestiça
graça da raça
espanta a tristeza
neste teu dia
internacional

tudo são cores
vida e beleza
na alegria
do carnaval



Rio, março de 2011.




EM QUE PENSA?




("Tudo que eu penso parece que é você")
AS CORES, grupo CINE



tudo que eu penso é você
diz o amor
enquanto tateia o escuro
na busca da fé

nunca o amor foi fácil
nem parece
nem é

penso em tudo
descubro
o que me parece meu tudo
tudo que eu penso é você

se eu lhe pudesse dizer agora
voce entenderia
não parece
é

Rio, março de 2011





segunda-feira, 7 de março de 2011

DIFAMAÇÃO







caiu no chão tua imagem
quanta profanação
mas não perdi a coragem
de agir com o coração

amor com amor se paga
outra forma o difama
a mão que te joga na lama
não será a que te afaga


Rio, janeiro de 2011





SOLIDÃO







ah se teu amor fosse meu
encontrarias o meu que é só teu
seríamos dois tu e eu
a cantar o que a vida nos deu

não me pesa a solidão
que já está dominada
contigo no coração
estar só afinal não é nada

Rio, março de 2011.





SAUDADE [novamente]




"Ê saudade
Que bate no meu coração
[Babado Novo]"



saudade
essa palavra abstrata
que tão bem retrata
em vão
as dores do coração...


Rio, março de 2011




CICATRIZ [canção de carnaval]







tanto tempo passou
e a velha cicatriz
mal sarada ainda dói
nada digas que não possa acreditar

eu sei que vou te amar
mas não direi
é tão penoso lembrar
o que de ti esperei

o tempo há-de curar
o que não posso fingir
para que te iludir
se a ilusão te faz mentir

[refrão]

hoje dói
ainda dói
mas o tempo há-de curar
nada digas que não possa acreditar



Rio, março de 2011.



[um sambinha? Talvez...
se um compositor aparecer!]

THANATOS




[instinto]


... quero tocar-te sem nenhum sentimento

e como o sol deixar-te ao poente

na loucura de passar os dias

de oriente a ocidente

quero tocar-te quente

arder-te sem queimar-te

e voltar a cada dia

para ser teu apaixonadamente

quero tanto esse querer

que já não sei se basta o sol

ou outra luz

que me ilumine e queime

impiedosamente

meu desejo é querer-te sem sentir

teu amor arder para morrer...


Rio, fevereiro de 2008/março de 2011




domingo, 6 de março de 2011

AMIGO







o amor fica esquecido
no adereço deixado
do beijo mais que fingido
naquele enredo pensado

o sonho levo comigo
do desejo então sentido
de amar e ser amado
e ser mais que teu amigo

Rio, março de 2011




FINGIMENTO








ah como eu queria
de verdade o teu querer
nos carinhos que fazias
do amor que bem fingias
sem nunca jamais o ter


Rio, março de 2011





CARNAVAL







nem sei o que pensas
quando passas
no bloco das mulatas
nem me vês
talvez lembre as ofensas
do amor que faliu
nos beijos que não dei

de vingança não te olhei
mas bem sabes que te sigo
na bonança e na desgraça
dos dias de carnaval

[refrão, se for o caso]

se pensas
não sei
o que sinto digo mal
ainda é carnaval


Rio, março de 2011





BATERIA








soam surdos
o canto das cuícas
estridentes sons da bateria

não sei que longas tristezas
dançam loucas
o ser feliz necessário da alegria

belezas
de arlequins e colombinas
em nova rouparia


Rio, março de 2011





FOLIA






a chuva chora os dias de folia

loucuras louras

morenos cantos

felizes de cantar

que existem

e o amor de alguém

que já passou

até em cinzas tudo acabar



Rio, março de 2011




GAIVOTAS







gaivotas no horizonte cinza
de um mar que já foi azul
cantam em seu pio triste
um refrão de carnaval

Rio março de 2011




sábado, 5 de março de 2011

ALIENAÇÃO








existo sem que o eu seja meu
amo porque existo
e meu amor é só teu


Rio, março de 2011




O QUE SERÁ







o que tem que ser será
diferente não pode ser
o que é tem sido você
assim sei o que virá


Rio, março de 2011




SOLIDÀO








não estou só
nem só na solidão estou
o tempo se fez pó
e matou aquele que sou


Rio, março de 2011




MALES







meus amores de quem são
nem eu sei na escuridão
minhas dores o que são
senão males do coração?


Rio março de 2011




ERRÁTICO






errando vou escrevendo
o que sinto e o que sei
amando vou-me sentindo
a seus braços chegarei

Rio, março de 2011




INCERTEZA







nem é certo o que parece
seja certo ou não
esqueces-me não te esqueço
certeza do coração


Rio, março de 2011





AMAR O AMOR







corpo onde vive a alma
bate nele o coração
amar puro o amor
é parte dele a canção


Rio, março de 2011




sexta-feira, 4 de março de 2011

FADO






onde vou onde me levas
esperança?


Rio, fevereiro de 2011




GRITO







tua vida é um grito que não grita
o cruel de tudo sem razão
tudo querer e nada ter

o silêncio do mundo
não deixou opção
era ser o que fostes ou nada ser

sempre a fuga a limitação
de muito cedo encontrar
formas impuras de expressão

o bem que te negaram
foi sentimento e pudor
tudo foi a recusa do amor

Rio, fevereiro de 2011.






CARÁTER







tu sempre fostes quem és
tua essência tua alma teus sonhos
teus pecados pecados foram

eu não procuro o passado
desprezo a fama
dos atos que te difamam

quero-te agora
tal como és

a velha estrada acabou
na curva de tantos enganos
tudo que me doía
do tudo que então perdias

não te interrogo
conheço
confio

como vento que passa
deixastes atrás teus enganos

despe-te agora
mostra quem sempre fostes
tua essência tua alma teus sonhos

Rio, março de 2011.





PERGUNTES







que rumor ouves na noite
quando não te cantam os sonhos
que juventude te resta
se não os sabes cantar

Rio, março de 2011.




CAMINHO






qualquer caminho não define a vida
que da nascente se destina ao mar

Rio, março de 2011





VAZIO







tiro meu verso do vazio
da minha saudade amanhã

estou como se fosse um rio
que não tivesse mar
onde ansioso chegar

Rio, março de 2011.




HESITAÇÃO






o desejo hesita
no amanhã sem você

Rio, março de 2011.





quinta-feira, 3 de março de 2011