sexta-feira, 28 de setembro de 2012

ILUSÀO



saúdo a  paz negra da noite
que atropela a realidade
em sonhos vivos 
de pura inconsciência 

alguns meditam
talvez seja verdade
meditar começa no real
difícil de entender

noite escura em que não penso 
no obscuro sonho contra o sentimento
mesquinho distorções do falso sorrateiro

amo a noite sem lua sem estrelas só o negro
manto que me toma inteiro
e cobre o mundo quem sabe verdadeiro



Rio, setembro de 2012.




quarta-feira, 26 de setembro de 2012

VA PENSIERO


voa pensamento vai

tens ainda que sonhar
como um notânbulo que acordasse
para viver o tempo que lhe falta
voa livre sente o vento
navega a vida
sonha o sonho que vivestes
deixa invisíveis escolhos no caminho

voa vence o tempo e a vida decadente

nisso que afinal é um regresso [1]
a um futuro imaginado
vai e vence o imperfeito do progresso
enche-te de esperança
entende claramente quem te cerca
podes ainda inflamar muitos amores [2]
podes tudo no ideal sonhado
fiel a ti e à tua estrada
sonha que outrora inda é agora


Rio, setembro de 2012.

[1]    Fernando Pessoa , a Sá Carneiro
[2] Álvares de Azevedo, Lira dos Vinte Anos





segunda-feira, 24 de setembro de 2012

DÚVIDA EXISTENCIAL


é remota a memória
abstrata das razões
onde não há fato mas história
sem diálogo remotas ilusões

tudo é incerto 
nem a lembrança 
nem textos para interpretação
precisam fogos fátuos

e querer lembrar maltrata
porque o tempo passa
e nada se conclui

a distância os encantos mata
os sonhos ultrapassa
assim não sou nem sei mesmo se fui  


Rio, setembro de 2012.






quarta-feira, 19 de setembro de 2012

ENCONTRO DE UMA VELHA GUARDA


lembrança de amigos a propósito de um encontro  
em outubro

encontro de amigos
homens que foram meninos
a lembrar tudo que foi
tudo que deixou de ser
e ainda dói
assim como um renascer
às vésperas de anoitecer


Rio, setembro de 2012.



sexta-feira, 14 de setembro de 2012

QUADRINHAS MUITO MINHAS


I
tudo que tenho é a vida
não ma roubes 
não a manches
que já a tenho contida

II
se de fato teu sorriso
enfeita teus lábios delícia
leva-me longe o juízo
a pensar do beijo a carícia

III
ah teus olhos furtivos
verdes castanhos tão vivos
marcaram meus anos cativo
do brilho de teu fogo votivo

IV
quadrinhas tão portuguesas
vão falando devagar
do meu amor com certeza
com certeza de te amar

V
a pedra o trigo e o mel
é certo que lá estão
somados fazem um anel
a ligar-me o coração 



Rio, uma noite de setembro de 2012.