deixo falar as palavras
por si só encontrarão seu destino
não há porque intervir na natureza delas
sempre me pergunto quê fazer diante da encruzilhada
terão elas a mesma angústia
ou não hesitam
o mesmo me pergunto diante de um espelho
sou eu aqui ou sou o outro
elas não se indagam
fácil é concluir que a angústia não lhes pertence
mas em mim revela-se
a cada palavra
as palavras têm sabor de tempo
diria o poeta
são frutos do olvido e do conhecimento
Rio, janeiro de 2013.
sempre que tenho de escolher palavras
temo que não sejam exatas
ou que falem demais
hesito cada vez
porque também dirão quem sou
e não quero revelar-me
há palavras que soam bem
outras que advinham
muitas encaixam-se exatamente
em frases feitas
mas não posso ser enigmático
num poema
que palavras
há-que não supor
nada pensar
nem definir
elas sabem seus caminhos
ou se deixam levar
ao vento
Rio, janeiro de 2013
pensando na Symborska
...prefiro o mito à verdade
amo o sonho odeio o real
sou prisioneiro em plena liberdade...
Rio, janeiro de 2013