sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

BRISAS



a brisa da bruma é diferente da brisa do sol
passam as duas pelos jardins e colhem perfumes
mas não dizem ao trazê-los se me entristecerão ou alegrarão
continuam em seu caminho em direção aos céus
e outros jardins rosas ou jasmins
e em mim fica a bruma ou o sol
trazidos pelos perfumes

Rio, janeiro de 2014


UMA PEDRA

`

uma pedra atravessou o meu caminho
uma pedra é uma pedra
mas essa movia-se
pisei-a

caía a tarde quase noite nessa trilha
era uma tarde chuvosa
úmidas eram as passadas
úmido meu coração

pingos d'água antecipavam um dialogo 
com as pedras e havia vento em torno de mim
solitários eu e a pedra
há tempo imóvel sob meus pés

indagativo soltei-a e ela saltou
acelerou o ritmo
rolava entre outras pedras
aparentemente em busca da chuva

era a água que precisava
para rolar
rolava por causa da água
ou rolava atrás da chuva

indaguei

e o vento continuava a soprar em torno de mim
como seguindo a pedra 
ou era a pedra que esperava o vento

chuva
água
pedra
vento

que chuva é essa
que pedra
que vento
que água

quando acordei
[sonhava]
a chuva, o vento e a água giravam em torno de mim
e dialogavam
a pedra imóvel secava-se ao sol
despertará?

Rio, janeiro de 3014.