o poema revela a intimidade
de espelhos de cristal
em luzes divergentes
concentradas
aparentes
nua cada frase expõe a claridade
sem a evidência
que ao leitor pertence
diamante facetado entre flores
brilhos e cores
da luz que oblíqua dança
o amor que esconde
assim sou eu da minha infância
talvez na poeira reincidente
de tempos azuis de um pálido intenso
danço o mesmo amor
em outros tons
nos reflexos do tempo que se foi
cristal indecifrável no invisível que aparece
vívido sobre areia em pó
da ruptura
em meu último momento
estou ainda
no fim serei o que restou
da vida generosa
deixo o que sinto
para outros
que me acompanham
os que amei ou a quem amo
na riqueza [di]lapidada
desta minha vida já sem tempo
Rio, abril de 2011.