"Porém, pera cantar de vosso gesto a composição alta e milagrosa, aqui falta saber, engenho e arte." Luís de Camões ... assim encontrareis aqui palavras magoadas a tornar o fogo frio e dar descanso a minha alma condenada ...
quarta-feira, 29 de janeiro de 2014
NOTURNO
é fim de tarde
o azul marinho mescla o azul do céu
o dia cai em sombras
e a praia erma recusa o mar em ondas
que voltam arrasadas atrás na escuridão do mar
ouve-se o marulhar
só mar areia e o sossego
da solidão
é um azul escuro no abraço fatal da noite
suave torpor em abandono
esquece o mundo e mergulha sem dizer nada
vem do mar a maresia
e seu perfume inconfundível
o velho mundo claro em cores embaçado abraça
esqueço-me da vida
meu mundo é noite
de minha entrega ao oceano
Rio, janeiro de 2014.
UMA HISTORIETA
anos e o conheci
dezoito anos entregues a si mesmos
solidão em meio a "amigos"
pobre
num dia qualquer
numa tarde qualquer
empinava pipas à falta do emprego
perfume de campo no descampado onde alegre ecôa a inexplicável gargalhada
ladram cães
um ambiente pobre de casario irregular
um filme incapaz de vencer a pobreza dominante
conheci-o entretanto por acaso antes
só
de uma solidão pungente vendia conselhos conhecimentos informática
marcas peças
conveniências
migalhas
ousado e tímido ajudou-me com meu primeiro computador
e com o segundo e terceiro
descobri-o conversador e com ideias
vontade
capaz de dar nó em pingo d'água
como bolhas de sabão aparecia e desaparecia
mas nem era fraco era fugidio
vazio
não revelava os porquês de sua vida
Ipanema Copacabana Barra Rio de Janeiro
[alguns aventureiros sem horas ou compromisso falam
do que fantasiam nunca a verdade]
"poker face"
um homem é um homem pela qualidade do carater
um subproduto de sua natureza
outros são bolhas de sabão a deformar a imagem e explodir em pouco tempo
entrementes amigos amigos falsos e solidão
estava na curva de descida
cultivava um mistério sem segredos
que comportamentos revelam de que o vulgo fala
desconhecia o amor
aqui me exalço por haver insistido nas batalhas que perdi
esperei novas bolhas de sabão
desiludi-me encantei-me
matemática luminosa
dois mais dois eram talvez quatro antes de se tornarem quatro
falou alto o sonho e o poder dos desejos
de novo a vontade
veio a bonança inicial
que fez valer a escola e a experiência de vida
livros
descobriu o amor
já não mais ruína
já não era escravo
mas senhor
um homem é homem quando afirma o que quer
onde o possa ter
não importa o lugar
não se medem sentimentos mas a rudeza inicial sucumbiu
à obviedade do mundo e às exigências da vida
nó em pingo d'água quem sabe bem mais
aprumou-o hesitante
o campo tornou-se verde e a meta clareou
goool
cinco anos cinco e a vitória esperada chegou
revelando um cavalheiro afirmando a natureza e fechando os traços
do caráter que já mede sentimentos e desfaz segredos expontaneamente
tudo terá
o planeta continua sua viagem pelo desconhecido
o mar produz ondas e as despeja em terra
o bem é azul
céu é o azul que nos protege
o sonho sonhado é realidade
[e esta história é um poema]
e eu que tudo passei emociono-me
também tenho sentimento
Rio, 28 de janeiro de 2014
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