a borboleta mais leve que o ar
navega o vento da frente pra trás
NYC, dezembro de 2001.
II
brilha a última estrela
murmura a pedra o canto d’água
abrem ao sol a pouco e pouco
os fios da emoção
saudade imprecisa
dessa manhã que balança à brisa e passa
Roma, dezembro de 2003.
III
quisera
mover-me no espaço
pousar em árvores
sobrevoar o caminho
entre o que sinto e o que penso
como vento
pássaro
Roma, dezembro de 2003.
IV
meada que perdeu o fio
enrosco-me em torno do nada
NYC, dezembro de 2001.
V
do que lembro me esqueço
quero falar mas não posso
NYC, dezembro de 2001.
VI
estava eu em meio de achados
impacientes por não serem encontrados
entre perdidos mal-amados
não atinei por acaso procurando
a ilusão nem mesmo encontrei
o outro que era eu no achado que perdi
NYC, junho de 2002.
VII
teimo em ficar não quis estar não pude ir
NYC, maio de 2001.
VIII
sou cativo de mim e não me entendo
eu aqui dentro a paisagem fora
um vago desejo de saber quem sou
se louco avanço deixo-me atrás
se sonho à frente
esqueço de sonhar.
Roma, dezembro de 2003.
IX
a palavra ultrapassada
é memória evaporada
au delà des mots
em seca lágrima
sou a última gota sem pena
NYC/Roma, julho de 2001/setembro de 2003.
X
sou querer que nada quer
sem saber se posso ser
sou pouco eu sou eu
sozinho
em mim sem me ser meu
NYC, Roma, setembro de 2001, setembro de 2003.