quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

LOUCO OU PEDRA






não fosse eu humano queria ser pedra
para jazer pacífica sob o sol
sem argumentos e sem razão
para não ser obrigado a pensar
na embriaguês de ser ou não-ser que sou

e por não saber a que vim
escrevo tentando encontrar
o segredo que as palavras não me revelam
e conseguir apenas negar-me
a compreensão das coisas
e o entendimento das gentes

por perceber o fim que se acerca
não fim de tudo que tudo ficará
mas o fim da consciência que me denominou Flávio
apelo aos deuses [e são tantos os que adorei]
para obter a graça de sonhar
com o coração sem engano
"de sonhar mais que humano"
contra a vontade de ser louco
ou pedra

Rio, 8 de dezembro de 2010