[recuperando versos antigos para Beatriz Azevedo]
a noite que pressinto é clara
vem do azul profundo a luz que a alumia
na espreita malandra da aurora
atrás em céu escuro
da luz de estrelas
irmãs do sol que ignoram
a noite rege o coração
não o que bate sessenta e três vezes por minuto
não o que sangrento tinge quadros santos
não o coração que nunca tem razão
mas o coração que ama
racional e intelectualmente a vida
sim às noites sou apaixonadamente claro
os olhos encantados por constelações de amores
humanamente decidido a viver a vida
como antigo marinheiro sobre a gávea
a encontrar versos nos cais distantes
e a magia iluminada de pensar poemas
Roma/Rio, janeiro de 2003/julho de 2013