segunda-feira, 5 de abril de 2010

REALIDADE OU SONO?





[depois de uma roda política na TV]


toca-me a incapacidade de dizer

qualquer coisa simples

frases ou palavras

que ninguém lê
na noite que chega obscurecendo idéias
[brilhantes?]
no anoitecer simultâneo da auto-crítica

a casa em silêncio cala-se
a rua não raro ruidosa
morta
e eu discuto entre mim e eu mesmo
a inutilidade de tudo

ouvir o silêncio pensar o vazio
completa o dia
e passo a noite a imaginar o que está por vir
do nada que deságua
em mar de imensa nostalgia

saudade inconsistente permeia esse vagar sem tempo
ou qualquer mágoa
de quando me ocupei de conceitos
sobre árabes e judeus
e absolutamente nenhum deus

isso de defender a pátria foi importante
ocupou-me por instantes
a razão em busca da emoção
de sentir próximo
o que era distante

olho sem opinião novos atores
e o cenário é o mesmo
que repete antigas bravatas
na eloqüência
da mediocridade dominante
que me rouba o sonho
mas não impede o sono

escrevo em busca da idéia
do sutil ruído
e-xas-pe-ra-da-men-te
vida
movimento
ou criação
mas a realidade não alimenta esperanças
mais além deste lamento...

Rio, abril de 2010