o que mata é a solidão
não a solidão de estar só
mas a solidão da alma
não a solidão de estar só
mas a solidão da alma
não sou triste
basta o sol
para me fazer sorrir
basta o sol
para me fazer sorrir
mas o sorriso é um adeus
que pesa em mim
na longa espera
arrastada e sombria
de um momento que não sei
distante interrogo-me
bastante como um pesadelo
ou como um sonho que se perde
e não deixa rastro
nem é meu
que pesa em mim
na longa espera
arrastada e sombria
de um momento que não sei
distante interrogo-me
bastante como um pesadelo
ou como um sonho que se perde
e não deixa rastro
nem é meu
a inutilidade dói
nesse tempo sem tristezas
à espreita apenas
do indesejado evento
tão próximo quanto distante
nesse tempo sem tristezas
à espreita apenas
do indesejado evento
tão próximo quanto distante
resta a memória da vida vivida
sonhada e esquecida
pois não volta mais
sonhada e esquecida
pois não volta mais
a natureza é assim
nada do que passou é meu
apenas passou por mim
nada do que passou é meu
apenas passou por mim
foi um tempo bom
de que me lembro e não vejo mais
tempo pleno provado sentido
da esperança viva
da construção do futuro
hoje apenas sombra
uma incerteza
de que me lembro e não vejo mais
tempo pleno provado sentido
da esperança viva
da construção do futuro
hoje apenas sombra
uma incerteza
a vida entretanto não exige certezas
mas a imagem de Pasárgada
a cidade sonhada
mas a imagem de Pasárgada
a cidade sonhada
embora a estrela do poema luzindo
a vida é vazia
nada acontece exceto o sonho
de um passado ausente no presente
isso é insistente solidão
a vida é vazia
nada acontece exceto o sonho
de um passado ausente no presente
isso é insistente solidão
Rio de Janeiro, outubro de 2017.