move-me o desejo de ser
parte do intervalo do poeta
para saber que pedra
que poeira no universo nos deu vida
fascinados pelo sol
escondemos o infinito na matéria
como se fosse tudo
não sinto o tempo enquanto passa
mas Chronos não caminha
existe apenas
na medida angustiada do finito
iludo-me com a ideia falsa da passagem
sou eu quem passa
o tempo fica
sei que vejo coisas e vivo seres
atirados no aleatório do espaço
em movimento
que nesta frase são palavras
em busca do sentido
Rio, março de 2012.
não sei porque te falo
transbordo minha solidão
sonoras ondas
diante desta praia
ilhas que se vêem
isoladas alheadas batidas pelo vento
e a luz distante do farol da barra
são para mim os versos que escrevo
perdidos entre onde estou e a distância
vazia do mar escuro
presságio de tanta coisa
os sentidos
a ilusão
e eu aqui a tua espera
sou tocado pela brisa
fresco sopro
vivo o momento
e os meus versos
Rio, março de 2012.
Éolo de todos os ventos sopra meu vazio
deixa-me o tempo
Rio, março de 2012.
mar
o que me dás
estou vazio em tua imensidão
Rio, março de 2012.