sábado, 27 de março de 2010

O POEMA DAS PEDRAS








...se não me queres
e o que temos não basta
se me rejeitas
e o que construímos não conta
saio a recitar pelas ruas
o poema das pedras
que não se movem e não falam
que nada sentem nem mentem
que não florescem
porque não têm segredos nem verdades

não me esqueço de nada
não me despeço
as palavras que tenho são interditas
os gestos são apenas outros gestos
que se perdem de vista

dói-me este tempo
intervalo de sombras
entre o dia claro
e a noite densa

dói-me querer mais
e a certeza de não ter


Rio, março de 2010





FANTASIA "impromptus"







não quero a noite que não finda
o adeus do sol que me aquece
a solidão de anjo triste
não quero o desencanto
do sonho que acabou
do pranto que cessou
não não quero

quero o dia
quero o ritmo
quero a flauta e a melodia
quero a saudade
quero horas sem fim
à espera do perene desafio

quero a luz que de meus olhos irradia
o amor que permanece a tua espera

Rio, março de 2010