segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

IMPROVISO/EM CONSTRUÇÃO



sonhei sonhos que perdi

porque dormi
não me lembro entretanto
dos que abandonei desperto
consciente ou inadvertidamente

olho o passado inconfidente

para descontar amigos
 sem antes nem mesmo contá-los
e o número de milhas percorridas
para amealhá-los

o tempo despediu-os distantes

nem atores nem autores resistiram à erma estrada

é curioso pelo menos que no somatório de sonhos

prevaleçam nestes tempos finais os que não são meus

pergunto-me às vezes se cheguei até aqui para isolar-me

de tudo quanto esqueci do tempo em que dormi

nem amigos

outros soprados pelos ventos 
interceptaram meus caminhos
e eu imediatamente não os percebi

nesses incontáveis momentos de decisões 

saí de mim...no entanto
para adotar fado que não meu
curiosamente somado a quem sou eu

se é sonho substitui perdidos

está comigo e viverá sem mim
  
Rio, janeiro de 2014.