palavras de repente surgem do nada
de um sonho
da vista do meu mar
do cansaço de procurar
às vezes para não ler
ficção de entendimento que se dedilham
como a querer inventar
uma emoção
os clássicos discutiam mitos
e deles retiravam o eco
das repetições
que não me tocam
nem ilustram frases
por soar imperfeitos
ou perfeitamente fora do lugar
tornei-me assim quem escreve sem amor
na perversão da mesma realidade
que a outros inspirou
mas sei amar
o exercício de pensar
e da angústia de ser
encontro as circunstâncias de viver
assim será no encontro derradeiro
da indesejada
terei palavras
ou impensado passarei
levando comigo minha história
para concluir
ao libertar-me de mim
que a tudo e a cada coisa amei
bem que quase todos que se deixaram amar
Rio de Janeiro, 5 de junho de 2024.