quarta-feira, 5 de junho de 2024

PALAVRAS

 


palavras de repente surgem do nada

de um sonho

da vista do meu mar

do cansaço de procurar

às vezes para não ler

ficção de entendimento que se dedilham

como a querer inventar

uma emoção


os clássicos discutiam mitos

e deles retiravam o eco

das repetições

que não me tocam

nem ilustram frases 

por soar imperfeitos  

ou perfeitamente fora do lugar


tornei-me assim quem escreve sem amor

na perversão da mesma realidade

que a outros inspirou

mas sei amar

o exercício de pensar

e da angústia de ser

encontro as circunstâncias de viver


assim será no encontro derradeiro

da indesejada 

terei palavras

ou impensado passarei

levando comigo minha história

para concluir 

ao libertar-me de mim

que a tudo e a cada coisa amei

bem que quase todos que se deixaram amar


Rio de Janeiro, 5 de junho de 2024.

  



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