eu nunca sei
se o que escrevo
foi o que pensei
se o que escrevo
foi o que pensei
nem mesmo leio
não explicarei
o que sinto
neste desterro indevido
de sobreviver em mim mesmo
o que sinto
neste desterro indevido
de sobreviver em mim mesmo
quem somos
logo
não seremos mais
logo
não seremos mais
estar só é uma percepção
nevoenta
nevoenta
tudo foi fátuo
no erro de gostar do que não tinha
hoje apenas memória sonolenta
no erro de gostar do que não tinha
hoje apenas memória sonolenta
sem jamais ter sido
o que procurei
encontrei
o indefinível de existir
o que procurei
encontrei
o indefinível de existir
o Poeta diz
"comigo fui sem ver nem recordar" (FPessoa)
"comigo fui sem ver nem recordar" (FPessoa)
Rio de Janeiro, julho de 2018