"Porém, pera cantar de vosso gesto a composição alta e milagrosa, aqui falta saber, engenho e arte." Luís de Camões ... assim encontrareis aqui palavras magoadas a tornar o fogo frio e dar descanso a minha alma condenada ...
sábado, 18 de janeiro de 2014
CLARO ESCURO
no espaço indistinto lampeja um relâmpago
o mar renuncia ao abismo
para espelhar a explosão dos elementos em conflito
no horizonte escuro o repentino brilho
doura o manto negro
e desperta silhuetas que lhe pertencem
o ponto de luz hesitante de uma chalupa
renasce como sombra na escuridão
e meus olhos espantam-se
com o real suspenso que retoma formas
ilusoriamente verdadeiras
Rio, janeiro de 2014.
VÔO
é fim de tarde
a silhueta branca cruza o azul ainda
sem temer o mistério de voar
o dourado de um relâmpago
busca a fria solidão
a gaivota silenciosa
risca o eternidade
distante ainda da estrela vespertina
isolando o tempo
terra e céu
o sol poente
pronto a extinguir-se em meu campo de visão
interpõe-se
entre mim e eu mesmo
faz plena escuridão
Rio, janeiro de 2014.
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