a arquitetura dos versos conduz-me
a escrever pensando em ti
queria falar contigo
mas a estrutura me contem
sou escravo da forma
vinculo-me à palavra
e meu denso sentimento
fica invisível entre as linhas
atrás de cada palavra
perdido na concretagem
da perversa regra dos cálculos
sobem fácil as paredes
fantasiam-se janelas
por entre as colunas hesitam
o que desejo dizer
e muito do meu sentir
o edifício está quase pronto
a pintura vem branco-nuvem
as paredes em verde claro
os tetos céu em azul
mas estou enclausurado
entre pisos e paredes
e não encontro abertura
para trazer-te p'ra mim
ou exasperado sair
desse conjunto concreto
de dores cores e amores
do arquiteto calado
por não poder tudo dizer
Rio de Janeiro, agosto de 2009
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