quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

DI - VAGAR



ah o amor cantar o amor
cantarei certamente o dissabor
de sonhar que amei
e ao amar amei quem não me amou
sonhar sonhei o mistério
incompreendido mistério de não saber
o sofrimento de amar

amar sem perceber o sem sentido
de nada ter por objeto
abjeto amor do compromisso
livre melhor selaria o in - finito
e não feriria sentimento tão bonito

ah cantar o amor sem dor
será que vivo e sobrevivo
à ilusão de viver
sentir e vegetar?

mas canto sim por quem amei
dei-me entreguei-me 
ao gozo feliz de existir

amador do corpo nu sorei
esperma do que se vive
do que se nasce 
magia foi assim 
possível vício
a naufragar em óvulos diários
e conviver e conceber
suave vicejar 
bebês e choramingos 
lindos

infância juventude tardia adolescência
sem fim por toda vida
assim como gerar o amor
e atracar ao fim o porto
e mirar atrás a obra por que me aprofundei

ah cantar o amor é indolor
combinar palavras vazias de sentido
na madrugada errante
tão fácil dizer aos banidos desta vida
que se amam as flores do jardim
e é a vida

Rio de Janeiro, fevereiro de 2017

(www.poemasinconjuntos.com.br)

Nenhum comentário:

Postar um comentário