terça-feira, 14 de junho de 2011

MEU SONHO





no fim do caminho
enamorado estou de um sonho teu


não há dois sonhos
no sonho já meu





Rio, junho de 2011





segunda-feira, 13 de junho de 2011

PALAVRAS AO VENTO





palavras tocadas pelo vento perdem-se 
como desejos que beijam lábios
e se calam


vento que me arrebata
sopra as folhas fúteis da ilusão
e seca lágrimas 
enganadas

desejo 
apaga a luz da fúria vã
não é fácil amar


lábios úmidos 
junto a tua boca
já sem palavras 
 falam


e o poema como quem teima  
canta


Rio, junho de 2011



sábado, 11 de junho de 2011

ARCO-IRIS





este poema é canto
canto chão
este poema é vida
de exaltação
este poema é triste
na lamentação
este poema é tudo
de quando nasce
da imaginação


o poema é água terra e ar
quando flutua mar 

e se agita

quando canta o barco
a navegar escolhos
de pedras e palavras
da injusta condenação


este poema é sol
que encanta a gente
sob o arco-iris
entre tênues núvens 
em lágrimas de solidão


este poema é salvação




Rio, junho de 2011



A DOIS



sei que existe o caminho
e que o trilhamos sós
solitáriamente


reconheço-o a cada passo
sou quem sou a cada passo
já diferente


o mar que ladeio é oceano
cheio de mistérios
assustador se não o encaramos


é tudo um sonho
um sonho teu
um sonho meu

mas penso em ti na caminhada
pressinto teu perfume
um cheiro de presença que renova 


que música ouvimos
que nos toca
que idéia juntos nos conduz?

passado o tempo
o espaço se reduz e no entanto
não te apercebes do tanto que andamos


não te dás por mim
diante do oceano
mas caminhamos

o tempo alia-se ao espaço
estabelece o ritmo
de cada passo

o mar parece igual
mas iguais não somos
como cada onda que derrama


a caminhada nos desperta
e nos refunde
na descoberta

cadenciamos quando sentimos 
não estamos alheios
somamos  


enleados no sonho 
já não há dois sonhos 
no sonho teu agora meu


Rio, junho de 2010



quinta-feira, 9 de junho de 2011

NEL MEZZO DEL CAMMIN [recordando]









E eu aqui, no meio do caminho.
Sem esperança, abandono ou remorso
de haver amado e não saber amar,
de haver tentado e não saber ousar,
de haver sabido e não querer lembrar,
de haver querido e já não querer mais.


Aquilo que foi e o que poderia ter sido
nada me dizem, mas o que será.


Nel Mezzo del Cammin, 2001.
Editora Expressão e Cultura



terça-feira, 7 de junho de 2011

O POEMA [recordando...]



De meu primeiro livro, 
"Nel Mezzo del Cammin",
Editora Expressão e Cultura, 2001.

I
[de oito partes]



Será importante saber como nasce o poema?
A pergunta é a dúvida, 
com ela, uma certeza, 
a de que a pedra, a água que flui e o pássaro são vida
que se compõe com a beleza.
Pessoa, em Caieiro,
via coisas e seres
e descobria a beleza,
sem falar da natureza
que como existência não há
por falta de consciência
de que a pedra, montes e água 
são partes que se entretecem.
Alberto, ah! que esperto, percebeu cada coisa
e descobriu a beleza
nelas.



segunda-feira, 6 de junho de 2011

MERDA ENTÃO






tonitroantes
como um vulcão



letras sons
vogais consoantes
toantes destoantes
dissonantes


explode o fogo
lava
pedras em profusão


rochas contra palavras 
cinzas testemunham o céu
azul azul


há preço no poema
que não é lido?


a palavra é pedra
letras
sons
cinza sobre azul


o que arde é lava
cinza
que escurece o poema


merda então!




Rio, junho de 2011