sexta-feira, 15 de abril de 2011

MEUS MUNDOS





"ser ou não ser"
[será a questão?]


sou cidadão dos mundos que criei
tantos que nem as contas fiz
dos sentimentos que guardei
em todos os pecados que cometi
nem sei
se as paixões foram reais
nos sonhos loucos que sonhei
as memórias do passado
hoje abstração
do que suponho que vivi
tão irreais
no exercício extenuante
de repassar os tempos bons
para ignorar os maus
e sobreviver
fútil pensar na tangente do real
para escapar no espaço sem fim
da fantasia
no desconsolo final
passagem do que sou para o não ser


Rio, abril de 2011





segunda-feira, 11 de abril de 2011

CANTO






escrevo para afastar a sombra
buscando o sol que me aquece a alma
uma palavra a completar a frase
do verso solto que me acaba em sono

quase nada me impede de viver a vida
nem mesmo a indesejada que a suprimirá
nem a palavra desencontrada
nem desamor
nem nada

ouço falarem de fazer poesia
escolha entre palavra e som
consoante em busca de vogais
música que minha alma entôa
no escuro procurando luz

deixe-me que fale de meu silêncio
sobre o que está ausente
na luta diária de me fazer presente
alguma coisa canto
e em teus olhos um sorriso basta
para a alegria de fazer-me o encanto

Rio, abril de 2011




sábado, 9 de abril de 2011

I'M YOURS






aqui tudo é sonho
e és ave sombreando o sol
em pleno vôo desvendando a lua
livre como te quero
em tua busca do futuro

estou feliz enquanto brilha o sol
sobre meus olhos
testemunhas cristalinas
prometendo vida

não estás só
sopra solidário o vento benfazejo
que transforma em luz a escuridão
do início de teus tempos

tens quem zele pelo teu sorriso
translúcido como o primeiro orvalho
tens contigo a pedra
e teu amigo


Rio, abril de 2011.




sexta-feira, 8 de abril de 2011

SONHO





às noites soa o vento
sibilantes sinais de solidão
e o escuro inocente da saudade
esconde-se sob a pedra
do sono sombra em ondas
do eterno marulhar
em que me vens e te vais

Rio, abril de 2011.





quarta-feira, 6 de abril de 2011

TEU SONHO







atrás do sonho
tão alheio
busco a fantasia de um verso
atrás do sonho
tão atento
creio em ti não em teu reverso

atrás do sonho vivo
beijos e lágrimas
mas não tenho medo
de fazer do sonho realidade

falarei de ti e serei água
na limpidez do rio que acelera

não sei como vieste
sei como chegaste
no abandono de teus dias
tão jovem tão sozinho
perdido no início do caminho

quis falar contigo
dizer que podias contar comigo
no teu sonho quase impossível:

eu estaria atrás do sonho
em busca da verdade
e da nova realidade

sonhos são feito fantasia
tal como o verso
olha as águas do Rio em que navegas
destinam-se ao mar
nota como os barcos seguem seu caminho
lembra a tua infância
e tanta coisa entre o tempo que deixastes
e o futuro com que sonhas

navega sem receio
tua fantasia aportará na realidade
se manejas a verdade
não te ofendas com o passado
já ficou

nada te ofende nada nos separa
a vida te afaga
se navegas em busca de teus sonhos

nessas águas está minh'alma
sinto-a na corrente de teu barco
- como crescestes! -
sigo teus olhos pousados no futuro
atrás do sonho

Rio, abril de 2011




terça-feira, 29 de março de 2011

AUSÊNCIA







não sei viver o silêncio de tua ausência
de quando te retiras
em tua muda voz de me deixar
sem vontade de sentir

com que beijos então não me acarinhas
com que palavras não me dizes "te amo"
para ficar longe depois
onde não te posso amar
fisicamente

um não tempo intermedeia
tu e eu
na desolação de não te ouvir
de não tocar tua mão
no momento em que me dizes
"estou aqui"...

Rio, março de 2011.




segunda-feira, 28 de março de 2011

AMAR A VIDA





[responda se puder...]

que faço senão amar a vida
que faz meu coração em sua persistente lida
que alegrias fazem a beleza
de amar a vida?

Rio, março de 2011